Por dentro das aparências, quando desconsideramos aquilo que tentamos fingir e somos sinceros para nós mesmos, certas constatações tristes têm de ser feitas.
Há tempos venho tentando manter uma amizade que demonstra sinais de fraqueza, e que pensei um tempo afastado fosse dar um novo fôlego como uma vez aconteceu de forma surpreendentemente prazerosa. Mas dessa vez não ocorreu como imaginava.
Após muitas justificativas, argumentos e promessas infindáveis, cheguei à conclusão de que a pessoa não precisa de mim.
Isso é um drama?
Não, é apenas uma verdade. Nem eu preciso dela.
Assim que soube que fui substituido, que todos aqueles momentos inesquecíveis que roguei para que fossem repetidos foram executados com muito mais entusiasmo com outro, que definitivamente não faço falta, qe minha presença atrapalha, senti raiva. Senti ódio.
Depois, senti-me traído.
E agora que escrevo isso, sinto que agora estou livre.
Agora eu percebo que sou uma pessoa misericordiosa e perdôo fácil, os outros apenas precisam dar-me provas de que os erros foram unicamente deles ou de ambas as partes. Amo o fato de seres humanos serem falhos, então seria incoerente julgá-los pelas más atitudes sempre.
Mas condescendência tem limite, e meu senso de perdão também.
Já não é mais uma fase.
Não é mais uma época em que surgiu o interesse por outra pessoa enquanto eu perdi a graça, como naturalmente ocorre num grupo de amigos.
Eu estaria em prantos se essa situação tivesse se mostrado clara há um mês, uma época em que não trabalhava e portanto todos os efeitos que essa ocupação têm sobre mim agora, psicológica e emocionalmente, ainda não haviam revirado meus conceitos de importância e fundametalidade.
Agora, eu me saúdo por conseguir ostentar uma amizade que parece excelente e que no entanto, está completamente destroçada e cheia de mágoas e rancores. Aos olhares dos outros, tudo está bem. Sinto-me mais e mais humano, e nesse quesito, num ponto essencial: na capacidade de inventar e suportar algo que não existe.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
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