sometimes i sit and think. sometimes i just sit.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Nietzsche

Sempre que leio algo de Nietzsche, a confirmação de que ele é um dos meus pensadores favoritos aumenta. Ao contrário do que seu nome e sua obra sugerem, ele não é um autor impossível, muito pelo contrário. O fato de seus aforismos tratarem objetivamente suas opiniões facilita o trabalho e torna a leitura bastante prazerosa. No entanto, não é uma filosofia tola; enganosamente simples, suas reflexões podem gerar muito o que pensar.

Sem querer me extender sobre sua obra, para não me tornar maçante, é mais simples resumir que em sua filosofia, Nietzsche crucificou incensantemente a Religião (sem trocadilhos), a Metafísica e a incoformidade humana. Quando distancia-se de Schopenahuer e Wagner, seus aforismos ficam mais agressivos e ácidos. Muito prafrentex em sua época - e claro, ainda hoje em dia - deixou praticamente claro que qualquer homem inteligente é ateu. Bom, radicalismos à parte, é fato que suas afirmações sobre a religião e as razões pela qual a Humanidade sempre procurou se apoiar nela, são chocantes.

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Pensei em um aforismo legal pra colocar aqui - na verdade, quase todos são, todos têm uma mensagem interessante e curiosa. Ia transcrever um sobre o cristianismo, mas em um de seus livros, que dedica aos artistas, encontrei um lindo.
Bem, como disse um tempinho atrás aqui no blog, o meu medo da morte é maior do que eu supunha. Mas não é medo da morte em si; são questões sem resposta e sem consolo que me atormentam mais. Pra quê investir tanto em cultura, conhecimento, sabedoria, se quando morrer tudo isso vai inexistir? E ainda o medo da morte das pessoas que amo, não a minha morte própria. É horrível pensar que todos vamos morrer, isso dói.
Bom, foi aí que busquei consolo na metafísica. Parece esnobe e arrogante dizer isso, mas é algo simples. Basicamente relaciona tudo à essência - e a essência nunca morre.

E num de seus aforismos, Nietzsche é muito sincero quando diz que é de fato muito difícil lidar com a morte, e com a idéia de que tudo acaba quando ela vêm. E que não é justo nem certo buscar ajuda na metafísica. Mais adiante, afirma o seguinte, sobre os autores (está relacionado com isso que escrevi agora):

*Leiam com carinho, e pensem. É maravilhoso.

O livro quase tornado gente - Para todo escritor é sempre uma surpresa o fato de que o livro tenha uma vida própria, quando se desprende dele; é como se parte de um inseto se destacasse e tomasse caminho próprio. Talvez ele se esqueça do livro quase totalmente, talvez se eleve acima das opiniões que nele registrou, talvez até não o compreenda mais, e tenha perdido as asas em que voava ao concebê-lo: enquanto isso o livro busca seus leitores, inflama vidas, alegra, assusta, engendra novas obras, torna-se a alma de projetos e ações - em suma: vive como um ser dotado de espírito e alma, e contudo não é humano. - A sorte maior será do autor que, na velhice, puder dizer que tudo o que nele eram pensamentos e sentimentos fecundantes, animadores, edificantes, esclarecedores, continua a viver em seus escritos, e que ele próprio já não representa senão a cinza, enquanto o fogo se salvou e em toda parte é levado adiante. - Se considerarmos que toda ação de um homem, não apenas um livro, vai ocasionar outras ações, decisões e pensamentos, que tudo o que ocorre se liga indissoluvelmente ao que vai ocorrer, percebemos a verdadeira imortalidade, que é a do movimento: o que uma vez se moveu está encerrado e eternizado na cadeia total do que existe, como um inseto no âmbar.

Um comentário:

Tatiana disse...

cada vez mais esses assuntos sobre morte entram na chata filósofica XD